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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Uso de cerol em pipa pode causar morte

Por dois centímetros, uma linha de cerol não atingiu a artéria aorta no pescoço do motorista Lucivaldo Cássio Bressanin. O acidente aconteceu por volta das 17h de sábado, 27.


Bressanin passava pela rua Angelino Ferrazin, na vila Saul. Ele dirigia sua moto, quando teve o pescoço atingido por uma linha de cerol que havia se soltado de uma pipa.

O cerol é uma pasta usualmente feita com a mistura de cola e caco de vidro, principalmente de lâmpadas fluorescentes. É colocado em linhas grossas de pipas. O objetivo é que a linha com cerol corte as linhas de outras pipas, derrubando-as.

Mesmo sendo proibido, o uso de cerol é um hábito muito comum principalmente entre os adolescentes. O período de maior ocorrência de acidentes provocados pela linha com cerol é entre julho e agosto.

O clima seco e com bastante incidência de vento facilita o ato de empinar as pipas. O período também coincide com as férias escolares.

Apesar dos constantes acidentes envolvendo o uso de cerol, não há uma estatística exata sobre sua quantidade. Normalmente as Polícias Civil e Militar registram esses acidentes como ocorrências de danos ou lesão corporal.

A maior parte das vítimas são motoqueiros. Nesses casos, o responsável pela linha que causou o acidente responde judicialmente pelo dano.

“Se for menor, irá responder por ato infracional e se for maior responde pelo crime que cometeu. Se o cerol causar a morte de alguém, irá responder por homicídio”, explicou o delegado Renato Caldeira Mardegan.

Acidentes — Somente nas últimas semanas aconteceram acidentes em três cidades da região — Bauru, Ourinhos e Santa Cruz do Rio Pardo — em que a causa foi o cerol em linhas de pipa.

Houve ainda um atropelamento na tarde de domingo, 28, na rodovia João Batista Cabral Rennó (SP-227), próximo a Ipaussu. A polícia investiga a possibilidade de a vítima ter invadido a pista porque estava atrás de uma pipa.

Em anos anteriores o cerol foi responsável pela morte de vários motoqueiros em cidades próximas, como Bauru e Marília.

Em Santa Cruz, o acidente da última semana só não foi mais grave porque o motorista estava em baixa velocidade com a moto e teve tempo para segurar a linha.

“Só notei o corte no pescoço depois de andar mais duas quadras. Segurei a linha assim que percebi. Minha camiseta estava encharcada de sangue. Tive uma hemorragia na hora”, lembra-se o motorista.

Bressanin ficou em observação por algumas horas na Santa Casa de Santa Cruz do Rio Pardo e levou dez pontos no corte provocado pelo cerol.

“Poderia ter morrido se a linha tivesse atingido a aorta”, comenta Bressanin.

Prevenção — Na mesma semana, o Policial Militar Fernando Rosa apreendeu grande quantidade de linha que estava sendo preparada com cerol em frente à escola Durvalinha Teixeira da Fonseca, no Jardim Brasília, em Santa Cruz.

Três rapazes, sendo dois menores, tinham amarrado várias vezes as linhas entre um poste e uma árvore. Eles tinham colado o cerol na linha e estavam deixando secar, quando o policial os flagrou.

“Havia risco emitente de que uma criança saísse da escola e trombasse com as linhas. Naquele horário é comum crianças saírem correndo da escola”, comentou o policial.

Os menores deverão responder pelo ato infracional e o maior irá responder por expor a vida ou a saúde de outras pessoas em perigo eminente. Se condenado, poderá pegar de três meses a um ano de detenção.

As linhas apreendidas com cerol são encaminhadas para perícia técnica.

O policial militar Rosa aconselha os moradores a não deixarem lâmpadas fluorescentes jogadas em latões de lixo nas ruas. Muitos jovens quebram essas lâmpadas para fazer cerol.

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