por Mauro Junior
Duas maritacas deixarão o habitat natural em decorrência de ferimentos provocados pelo uso de cerol nas linhas de pipa. Coruja perde a visão em decorrência de pedrada e também será mantida em cativeiro. Animais foram resgatados pela Amma
Nas férias, elas reinam nos céus da cidade. Trazem um colorido todo especial às manhãs e tardes ensolaradas e fazem a alegria das criançadas. Mas a brincadeira de empinar pipas também pode ser sinônimo risco à vida das aves que sobrevoam as imediações das áreas verdes de Goiânia. Um exemplo, é o caso registrado na tarde de ontem, dia 10, pela gerência de Proteção e Manejo da Fauna Silvestre (Gefau) da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma). No Jardim Curitiba, duas espécies de maritacas foram vítimas do cerol, mistura de cola e vidro moído que é aplicado em linhas de pipas. Além delas, uma espécie de coruja que foi vítima de pedrada. As aves foram encaminhadas para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas).
De acordo com a gerente da Gefau da Amma, Marize Moreira, um dos filhotes de maritaca teve a perna decepada pela linha de cerol. “A vida dessa ave ficou comprometida. Ela não vai poder voar e nem caçar, ou seja, o filhote não poderá ser reintroduzido ao habitat natural por ter perdido a perna direita”, Marize explica também que enquanto a ave sobreviver, terá cuidados de médicos veterinários.
“A mistura, que utiliza cola e vidro, costuma provocar acidentes quando entra em contato com a pele. Além de casos de pessoas que se machucaram com a linha, as aves também sofrem neste período,” lamenta. Marize acrescenta que diariamente são resgatadas aves machucadas próximas as áreas verdes da capital. “Poucas sobrevivem aos ferimentos, o impacto da linha nas aves traz danos profundos. O animal morre ou fica mutilado. Muitas vezes, fica condenado ao cativeiro, como o caso do filhote de maritaca,”
No Jardim Vila Boa, uma coruja, conhecida como coruja orelha, foi atingida por uma pedrada no olho direito, situação que comprometeu a visão da ave e que, por isso, não poderá também ser reintroduzida ao habitat natural. “A coruja não enxergará com o olho direito devido ao ferimento, mesmo tendo possibilidade de girar o pescoço em um ângulo de 180°, esse machucado comprometerá a vida natural da ave”, ressalta a gerente.
Dependência
A partir de agora a dependência dos humanos será o principal problema enfrentados por esses animais. Com a perda de pernas, asa e visão, as aves precisam ser alimentadas individualmente, pois não conseguem buscar o próprio alimento. “O animal não consegue competir por território e abrigo e fica limitado até para reprodução”, afirma Marize.
As espécies de maritacas, papagaios, periquitos e araras estão ameaçadas de extinção de acordo com a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora Selvagem (Cites). Por isso, Marize pede a reflexão da população com relação à fauna de Goiânia e informa ainda que qualquer ocorrência envolvendo animais silvestres em decorrência da linha de cerol ou qualquer outro tipo de ferimento deve ser informada à Amma.
O cidadão pode entrar em contato por meio do Telefone Verde: 161. Uma equipe de técnicos deslocará até o local da ocorrência e tomará as medidas necessárias visando a sobrevivência do animal.
solte sua pipa com segurança, o vidro do cerol é altamente cortante e pode por em risco muitas vidas.
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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Ferido pelo cerol, motociclista conta que nasceu de novo
Quinta, 24 de Fevereiro de 2011 - 15:42 hs |
Com pontos por todo o pescoço, o motociclista Vagno Ferreira da Silva, de 25anos, traz as marcas de um crime que se apresenta como brincadeira. "Agora, para mim, isso é uma arma. Poderia ter custado a minha vida", afirma. No último dia 18, ele seguia de moto para o trabalho quando foi ferido por uma linha de pipa com cerol (mistura de cola e vidro), no Jardim Marabá. Com muita dificuldade na fala – a voz só ganha projeção devido a um aparelho na garganta - ele conta que só percebeu o ferimento quando viu o sangue jorrando da garganta. De moto, Vagno foi até um posto de saúde. O local estava fechado, mas uma mulher pediu ajuda ao guarda municipal, que acionou o Samu. "Na hora, pensei que se me apavorasse poderia perder mais sangue. Tentei ficar calmo, mas não foi fácil". Já em casa, na Vila Margarida, ele relata que não viu pessoas soltando pipas e acredita que foi atingido pela linha de uma pipa já cortada. Sem prazo para retornar ao trabalho de montador em uma loja de colchões, ele aguarda o prazo de 15 dias para pedir auxílio doença. Por hora, ele e a esposa Tássia Luges, de 24 anos, que é manicure, contam com a solidariedade de amigos. A mãe de Vagno veio de Pedro Gomes para ajudar o filho. Ela comprou R$ 150 em remédios que devem durar, o máximo, duas semanas. A família também vai comprar um novo aparelho para voz devido ao risco de infecção. O aparelho custa R$ 15. Os curativos são feitos no posto de saúde. Apesar das dificuldade, Vagno comemora: "Nasci de novo. Graças a Deus estou bem. Deus me deu outra oportunidade". Reação - Após dois casos de pessoas feridas por pipas neste mês, a Polícia Civil prepara operações contra o cerol. Nestas ações, são apreendidas pipas suspeitas de estarem com cerol e quem for flagrado será conduzido à delegacia e poderá responder criminalmente por expor a risco a vida ou saúde de outrem (se não tiver causado ferimento); por lesão corporal (se houver ferimento) e até homicídio doloso (com intenção de matar), em caso de morte. Em caso de flagrantes de crianças e adultos, os pais também poderão ser responsabilizados e pagar multa de três a 20 salários mínimos. Tragédia - Em 2009, a batalha entre as pipas nos céus da cidade degolou um motociclista na avenida Norte/Sul, no Aero Rancho. A vítima foi Valdir Rodrigues Cavalcante, de 36 anos. A tragédia provocou uma corrida para compra de antenas para moto no comércio da Capital, além de intensificar as ações da polícia no combate à prática. |
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